No âmbito da disciplina de Design e Comunicação Visual, foi-nos proposta a análise de um exemplo de infografia (que considerássemos boa), retirada da nossa recolha. Como tal, de entre todos os exemplos de infografia que recolhi, este foi um dos que captou mais a minha atenção. Trata-se de uma infografia intitulada "Portugal e Espanha - Um retrato dos dois países em números". O editor infográfico é Carlos Monteiro e o artista gráfico é Ricardo Santos.
"Explicar a infografia como texto da cultura, demanda contextualizá-la dentro do processo da dinâmica palavra-imagem do jornalismo e, também, defini-la como objeto da produção midiática contemporânea, que tem, por um lado, o objetivo de traduzir gráfica e visualmente a informação e, de outro, aumentar a complexidade semiótica (da ação dos signos), graças à diversidade de códigos que envolve." (1)
Sendo a infografia uma representação visual de informação para proporcionar uma melhor perceção da mesma, quanto mais simples e concisa for, mais eficaz é a transmissão da ideia pretendida. Assim, a infografia surge como um auxiliar para que o leitor possa entender mais facilmente o conteúdo informativo. Isto é conseguido devido ao dinamismo com que a infografia expressa a informação, quer seja através da apresentação visual estatísticos, mapas, diagramas ou "timelines". Neste sentido, pessupõe-se que a quantidade de texto apresentada seja pequena e que a informação seja expressa essencialmente através da imagem/de ilustrações.
Tendo em conta estes fatores, considerei que o exemplo acima apresentado constitui uma boa infografia, pois contém apenas "o mínimo indispensável" em termos de texto (estes acabam por constituir quase subtítulos, ou tópicos de orientação, para além do texto título e da pequena informação que se encontra por cima da silhueta do touro). Serve-se de várias ferramentas infográficas, utilizando imagens, formas, gráficos de barras, cores e colocando os números em evidência.
Assim, a infografia pode ser definida como "um produto do infojornalismo em qualquer dos canais, suportes e processos de fabricação" ou como "uma peça informativa, realizada com elementos icónicos e tipográficos, que permite ou facilita a compreensão dos acontecimentos, ações ou coisas". (1)
Ao olhar para esta imagem, aquilo que primeiro sobressai são as cores: vermelho e preto (embora exista ainda o branco como cor de background e de algum texto). Imediatamente, sobressai também a silhueta do Touro e o Galo de Barcelos, sendo que o Touro é uma figura alusiva à Espanha (apresentado em vermelho) e o Galo de Barcelos é alusivo a Portugal (apresentado em preto). Assim, é com esta primeira perceção e automática associação das cores com formas destes dois símbolos de cada país que o leitor capta as "instruções" para a interpretação de toda a infografia - existem duas imagens com a mesma forma mas com duas cores contrastantes, sendo que todas as imagens apresentadas a vermelho são referentes à Espanha e todas as imagens apresentadas a preto são referentes a Portugal.
Por toda a infografia, são apresentados dados estatísticos relativos a diferentes indicadores que comparam vários aspetos da vida de cada país, nomeadamente a nível social, demográfico, de bem estar, qualidade de vida, entre outros. Este tipo de informação numérica poderia, perfeitamente, ter sido expressa recorrendo a gráficos simples (ex. gráficos de barras, linhas, circulares, etc.). No entanto, com esta representação gráfica, ganhou todo um novo dinamismo que fez com que a perceção dos dados se tornasse muito mais intuitiva.
No entanto, o contraste entre o preto e o vermelho cedo se revela uma escolha de cores demasiado "violenta" para a quantidade de informação que se pretende transmitir, acabando por cansar rapidamente o olhar. Para além disso, os conteúdos informativos parecem estar dispostos de forma aleatória, podendo fazer com que o leitor se perca no espaço ao fim de pouco tempo. Apesar disso, considero que esta é uma boa infografia que funciona a nível visual e consegue explicar a informação pretendida com sucesso.
(1) VELHO, Ana Paula, O Jornalismo e a Infografia dos Veículos Impressos como Textos da Cultura. Brazil, 2009.
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